Segundo especialistas, vacina em spray pode proteger contra novas variantes do vírus em "fórmula universal"
NATÁLIA OLLIVER
06/06/2022 18:45
Cientistas brasileiros já pesquisam o chamado “segunda geração de vacinas” ou a conhecida "vacina em spray nasal". A versão é uma alternativa futura à injeção intramuscular aplicada desde o início da imunização contra Covid-19, em todo mundo.
A segunda versão da vacina pode chegar ao mercado brasileiro entre 2022 a 2023 e está sendo desenvolvidas pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O novo imunizante promete ser de baixo custo, proteger contra variantes e bloquear o novo vírus ainda no nariz.
A ideia do uso da vacina em forma de spray, aplicado diretamente no nariz, para combater o Coronavírus se justifica pelo fato da entrada do vírus acontecer pela mucosa nasal.
Caso as pesquisas se mostrem efetivas, será possível impedir que o agente infeccioso se instale no organismo.
Em entrevista ao jornal da USP, o pesquisador e coordenador do estudo, Jorge Kalil Filho, do Instituto do Coração (Incor), explicou sobre a pesquisa que desenvolve sobre a vacina em spray.
O estudioso revela que ao contrário das vacinas intramusculares, a vacina nasal pode fortalecer muito mais o sistema imune no nariz, o que impede que o vírus penetre.
“As vacinas de injeção intramuscular produzem muitos anticorpos circulantes, que previnem contra os sintomas e o desenvolvimento da doença, mas nem sempre produzem a quantidade desejada de IgA secretório, anticorpo presente nas secreções, mais presentes nas mucosas, como no nariz e na boca.
Se você fortalecer bastante o sistema imune ali, o vírus não penetra no organismo e não dá nem infecção nem doença”, pontuou.
Jorge Kalil, também professor da Faculdade de Medicina da USP, acredita que a versão em spray da vacina seja a resposta para a mutação do vírus e a forma de acabar com a pandemia.
“Fizemos a vacina de tal forma que nós podemos alterar a vacina de acordo com as variantes mais importantes que estejam circulando.
Assim, eu posso tirar uma pecinha e colocar a outra pecinha e o resto ficar igual”, acrescentou.
Foram estudadas mais de 202 pessoas que tiveram a doença, para selecionar fragmentos que, teoricamente, induzem uma boa resposta celular.
De acordo com o pesquisador, o imunizante deve incluir fragmentos que são capazes de matar a célula infectada.